Pés descalços entrando e saindo das Minas de ouro, enriquecendo o País. Pés calejados, sofridos e pisados por outros pés. Pés correndo nas florestas buscando o existir. Pés nos campos de futebol resgatando a alegria. Pés pisando nos gramados e que balançam as redes fazendo vibrar de emoção milhares de corações patriotas. Pés nas avenidas dançando samba. Pés dançando baião e xaxado. Pés bem cuidados, de unhas pintadas e bem feitas. Pés da bailarina que se equilibra; magia que está nas pontas dos dedos. Pés fincados no chão ou tombados por um punhado de terra.
O esquerdo está sempre ao lado do direito. Estão se harmonizando para a festa de outros pés. Pés chatos, bruscos. Pés ásperos. Pés que continuam levando sua bagagem para o futuro. Pés massacrados. Pés embrutecidos, cruzando rios, pinguelas e pontes. Pés subindo e descendo morros. Pés que amassam o barro para fazer barracos de pau a pique. Pés delicados se unindo aos rústicos. Pés para jogar capoeira… e fugir da injustiça.
Santiago Dias
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